Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), definido como condição debilitante caracterizada por pensamentos (obsessões) e atos (compulsões) incontroláveis.* O portador de TOC tem consciência de que essas obsessões e compulsões são totalmente involuntárias. É como se elas forçassem a passagem e tomassem conta.
Todo ser humano vez por outra tem pensamentos e impulsos indesejáveis. As obsessões são pensamentos, ideias, ou imagens recorrentes e indesejáveis de conteúdo variável; como medo de contaminação, dúvidas persistentes, blasfêmias religiosas, impulsos agressivos, conteúdo sexual impróprio, ideais sobrevaloradas de “mau agouro” e preocupação excessiva com doenças…
No caso de TOC, porém, esses se tornam tão recorrentes e repetitivos que interferem na rotina da vida e causam grave mal-estar, às vezes depressão.
Esther, de 22 anos, vivia apavorado pelo medo de ser contaminado por germes. A mãe dele tinha de esfregar com álcool tudo o que ele viesse a tocar. Além disso, Esther temia que visitantes trouxessem contaminação para dentro de casa.
Eduarda tinha temores ao lavar a roupa. “Se as roupas tocassem no lado de fora da máquina ao serem retiradas”, diz ela, “tinham de ser lavadas de novo”.
Como Esther e Eduarda, muitos portadores de TOC têm obsessões relacionadas com germes e contaminação. Isso pode resultar em excesso de banhos e lavagens de mãos a ponto de, às vezes, produzir bolhas — mas, mesmo assim, a vítima não se sente limpa.
Rose é atormentada por pensamentos desrespeitosos, involuntários, a respeito de Deus. “São coisas que eu jamais pensaria de verdade, e preferiria morrer a fazer isso”, diz ela. Mas os pensamentos persistem. “Às vezes, de tanto lutar diariamente contra esses pensamentos, à noite estou literalmente esgotada.”
Certa médica descreve o comportamento obsessivo-compulsivo como resultado de “um curto-circuito cerebral” em que a informação sensorial não fica registrada e, assim, “o programa roda vez após vez”. O que causa essa repetição de operações? Ninguém sabe ao certo. O neurotransmissor serotonina pode estar envolvido, mas outros aspectos do cérebro também estão sendo investigados. Alguns dizem que experiências da infância podem despertar o TOC, talvez em combinação com uma predisposição genética.
Seja qual for a causa, uma coisa é certa: simplesmente dizer aos portadores de TOC que parem de lavar ou que parem de checar provavelmente nada vai adiantar. Está envolvido mais do que a força de vontade.
Para muitos, a medicação tem sido útil. Outro método é expor o paciente à situação temida e, daí, evitar a reação costumeira. À pessoa que pratica rituais de lavagem, por exemplo, pedir-se-ia que segurasse algo sujo e não se lavasse. Naturalmente, tal tratamento não cura da noite para o dia. Mas, com persistência, alguns acham que pode aliviar.
Os especialistas também exploraram a possibilidade de que, pelo menos em alguns casos, o TOC possa se originar de experiências da infância. Tem-se observado que muitas crianças maltratadas crescem achando-se inerentemente sem valor e sujas, e algumas dessas subseqüentemente desenvolveram rituais de lavagem compulsivos.
Conviver com um doente de TOC pode ser emocionalmente desgastante para os outros membros da família. De modo que os amigos devem ser compreensivos e ajudar, de todas as maneiras possíveis. Se você é do convívio íntimo dessa pessoa (a maioria dos portadores de TOC escondem os sintomas) não reforce o TOC. Ajude-o a resistir às compulsões. E lembre-se de ser positivo, apoie e elogie cada conquista. Não brigue com o TOC, TOC não é brincadeira.