Terapia Cognitivo Comportamental: conheça a abordagem

A terapia cognitivo comportamental (TCC) foi fundada no início da década de 60 a partir de outra abordagem da psicologia chamada Behaviorismo. Dedicada a compreender o comportamento humano, essa teoria acredita que os comportamentos resultam das experiências e do condicionamento.

De modo semelhante, a TCC também tem um enfoque no comportamento. Todavia, essa abordagem psicológica defende que o modo como as pessoas agem resulta da interpretação da realidade de cada um.

A TCC é recomendada para o tratar diversos problemas emocionais e transtornos mentais, sendo uma das abordagens psicológicas mais utilizadas em todo o mundo. Neste post, você vai conhecer todas as suas particularidades.

O que é terapia cognitivo comportamental?

Aaron Beck, neurologista e psiquiatra britânico, é o fundador da TCC. Em razão de suas contribuições para a psicologia, recebeu o título de “pai da terapia cognitivo comportamental”. Para compreender essa abordagem afundo, destacamos três elementos importantes abaixo.

Emoções

As nossas emoções ditam o nosso comportamento. Esse processo ocorre tão automaticamente que muitas pessoas não conseguem pontuar quais emoções as motivaram a agir de determinada maneira.

Um dos objetivos da TCC é modificar padrões comportamentais nocivos através do ensinamento de como lidar com a abundância de emoções. Dessa forma, situações demasiadamente negativas ou estressantes são administradas de modo mais sadio pelos pacientes da terapia.

Pensamentos disfuncionais

Esta abordagem psicológica também leva em conta os pensamentos disfuncionais e o seu impacto no comportamento humano. Um pensamento disfuncional é caracterizado pela distorção da realidade. Ou seja, a pessoa faz uma interpretação errônea de uma situação e acredita fielmente nela.

A partir das emoções geradas por esses pensamentos, surge o comportamento disfuncional. Se a pessoa não encontrar uma maneira de refreá-lo, ele poderá causar sofrimento a longo prazo.

A TCC busca justamente quebrar esse padrão comportamental nocivo e substitui-lo por um padrão capaz de promover o bem-estar emocional dos pacientes.

Crenças nucleares

A terapia cognitivo comportamental também trabalha com crenças nucleares, formadas a partir da história de vida de cada um. As experiências de vida que nós temos após a formação de uma crença ajudam a consolidá-la ou a contrariá-la.

As crenças podem ser tanto positivas quanto negativas. Além de serem influenciadas por pensamentos disfuncionais e emoções, as interpretações do meio e de outros indivíduos também são impactadas pelas crenças nucleares.

Quando uma pessoa chega à terapia com uma crença negativa reforçada por experiências de vida e sentimentos, se diz que ela possui uma crença rígida. A TCC usa técnicas específicas e incentiva a reflexão para fazê-la enxergar os prejuízos emocionais causados por sua crença.

As crenças nucleares podem ser divididas em três categorias:

-Crenças de desamor: o indivíduo acredita ser indesejado ou incapaz de ser amado, então prefere a solidão e não se abre para relacionamentos;

-Crenças de desvalor: o indivíduo se sente ineficiente, defeituoso e fracassado independente da situação; e

-Crenças de desamparo: o indivíduo se sente emocionalmente frágil e vulnerável, além de acreditar que não consegue lidar com as próprias emoções.

Os comportamentos que surgem a partir dessas crenças levam o nome de comportamentos de segurança, pois visam proteger as pessoas de uma situação desconfortável. Todavia, nem sempre eles são adequados.

Às vezes esses comportamentos impedem que as pessoas confrontem os seus medos e, assim, elas vivem em sofrimento até conseguirem modificar as suas crenças.

Como funcionam as sessões de TCC?

O tratamento que possui como base a terapia cognitivo comportamental busca, a princípio, identificar as crenças nucleares dos pacientes para compreender os seus pensamentos e comportamentos disfuncionais. Esse processo é feito através do diálogo.

Por exemplo, o paciente explana ao psicólogo que acredita não ser bom o suficiente para estar na posição que se encontra no trabalho. A partir dessa afirmação, o profissional questiona o porquê de ele se sentir assim, deixando o paciente livre para formular uma explicação. 

O paciente pode afirmar que acredita nisso devido à uma situação que ocorreu na infância, uma fala maldosa de alguém, um acontecimento na adolescência, uma experiência negativa em outra empresa, e assim por diante. São inúmeras as razões que levam as pessoas a desenvolverem as suas crenças.

O psicólogo, então, estimula o paciente a ter determinadas reflexões condizentes com o problema levado à terapia. Dessa forma, ele consegue chegar às suas próprias conclusões sobre a crença e, consequentemente, sobre as suas emoções e comportamentos.

Ao longo das sessões de TCC, o paciente conseguirá quebrar o padrão repetitivo de comportamentos e emoções negativas e cultivar pensamentos mais produtivos. Logo, ele passará a fazer outras avaliações e interpretações de sua performance profissional.

Se desejar, poderá modificar atitudes que acredita não estarem dando certo e potencializar a sua produtividade. O receio de fazer mudanças diminui uma vez que o paciente compreende que pode controlar os seus pensamentos, emoções e comportamentos.

Essa mesma estrutura das sessões da terapia cognitivo comportamental pode ser aplicada em uma diversidade de problemas emocionais, oriundos ou não de transtornos mentais, como a depressão e a ansiedade generalizada.

Exercícios comuns da TCC

O psicólogo utiliza determinados exercícios durante as sessões de terapia cognitivo comportamental para chegar ao resultado desejado. Abaixo, confira alguns deles.

-Questionamento socrático: o psicólogo leva o paciente a fazer reflexões a respeito de suas crenças, pensamentos, emoções e palavras colocadas durante as sessões. As perguntas feitas pelo profissional não têm como objetivo receber uma resposta concreta, mas, sim, fazer o paciente pensar;

-Cartão de enfrentamento: o paciente escreve as suas reflexões obtidas com o questionamento socrático acerca de um pensamento disfuncional. Quando sentir que esse pensamento está voltando, ele pode pegar e ler o que está escrito. Assim, conseguirá lidar melhor com ele;

-Exame de evidências: esta técnica examina as evidências a favor e contra um determinado pensamento negativo do paciente. O objetivo é comparar ambos os lados para que a validade das crenças seja testada; e

Técnica do ACALME-SE: esta técnica funciona melhor com crises de ansiedade. Ela consiste nos seguintes passos:

A – Aceite sua ansiedade

C – Contemple à sua volta

A – Aja em relação à ansiedade

L – Libere o ar dos pulmões

M – Mantenha os passos anteriores e repita

E – Examine seus pensamentos

S – Sorria, você está quase conseguindo

E – Espere o futuro sem hesitar

Para quem a terapia cognitivo comportamental é indicada?

A terapia cognitivo comportamental é recomendada, sobretudo, para pessoas cujos pensamentos e comportamentos estão causando sofrimento no dia a dia. Quem tem baixa autoestima, por exemplo, pode buscar essa abordagem da psicologia para modificar a maneira como se vê.

Os problemas levados pelos pacientes aos psicólogos vão desde questões graves (vícios, compulsões, fobias) até mais simples (medo de fracassar, incapacidade de ser disciplinado). Em outras palavras, o conjunto de incômodos que pode ser solucionado pela TCC é abrangente.

Se você acredita que o seu bem-estar e saúde mental estão sofrendo em razão de pensamentos ou comportamentos específicos, consulte um psicólogo cuja abordagem seja a TCC para saber como resolver os seus problemas.

Quase sempre as pessoas acreditam que os seus problemas não possuem solução. Atribuem uma grandeza desproporcional às questões problemáticas que tiram o seu sossego. Entretanto, a sua qualidade de vida pode mudar drasticamente a partir de modificações simples no seu jeito de fazer as coisas e de pensar. 

Vale ressaltar que crianças e adolescentes também podem se beneficiar com a terapia cognitivo comportamental. Os pais podem levar os filhos para fazer uma avaliação psicológica com um profissional ao notarem a repetição de condutas incomuns ou impróprias.

Confira em seguida quais os casos em que a TCC é recomendada:

-Distúrbios alimentares;

-Agressividade;

-Irritabilidade;

-Hipocondria;

-Compulsões (por jogos, acumulação, alimentos, compras, limpeza, etc);

-Dependência química;

-Comportamentos autodestrutivos (beber em excesso, estilo de vida desregrado, não cuidar da saúde);

-Depressão;

-Suicídio;

-Ansiedade generalizada;

-Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT);

-Fobia social;

-Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH);

-Síndrome do pânico;

-Transtorno de bipolaridade;

-Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).

-Abordagens da psicologia

A psicologia possui diversas abordagens diferentes cujo objetivo principal é o mesmo: ajudar as pessoas a terem vidas tranquilas, agradáveis e livre de problemas psicológicos.

A TCC é somente uma delas e nem todos os pacientes cujos problemas têm relação com as questões citadas anteriormente respondem bem a ela. Como cada indivíduo possui uma personalidade única, algumas abordagens são mais eficientes que outras.

Ou seja, se você não teve uma experiência agradável com a psicoterapia, o elemento que interferiu em seu aproveitamento pode ser a abordagem psicológica. Não significa que você, como pessoa, “não tem jeito” ou não serve para fazer terapia.

Disponivel em : https://www.vittude.com/blog/terapia-cognitivo-comportamental-tcc-conheca-abordagem/

Deixe um comentário